"Ela viu-o pela primeira vez na praia, num dia de inverno.
Ele passeava à beira mar, ela desenhava sentada na areia.
Ele reparou nela, mas ela parecia tão absorvida no que fazia que ele nem pensou em interromper.
Ela deixou-o passar e voltou a olhar.
E foi assim o primeiro encontro.
O segundo foi dias depois, á tarde, no mesmo local.
Ele passeava novamente, ela desenhava mais uma vez.
Desta vez ela deu por ele ao longe e esperou que se aproxima-se.
Ele também já a tinha visto e abrandou o passo quando passou por ela.
Ela olhou para cima quando ele passou. Ele devolveu o olhar.
O olhar dele era tão intenso que ela baixou os olhos rapidamente, não a fossem queimar.
Ele tomou o gesto por uma recusa e mais uma vez não parou.
No terceiro encontro ele estava mais nervoso.
Foi logo no dia seguinte e ele não queria admitir que tinha ido lá só para a ver.
Ela como todos os dias, desenhava, mas desta vez, nem sabia bem o quê, enquando esperava que ele passasse. Desta vez ele quase que parou.
Mas ela não teve coragem de aceitar o olhar.
Ainda não... e continuo a desenhar, com os mesmo lápis de carvão de sempre.
No mesmo bloco de sempre.
No quarto dia ela encheu-se de coragem e quando ele passou, ofereceu-lhe um sorriso.
Ele surpreendido olhou e a medo sorriu de volta.
Ela aguentou o olhar e ele encorajado fez a pergunta. “O que desenhas?”
Ela mostrou-lhe. Era um vulto masculino a caminhar à beira mar...
Ele contemplou em silêncio durante alguns minutos. “Sou eu?” – Perguntou “Sim” - respondeu ela.
Ele pegou-lhe na mão e mais uma vez ficaram em silêncio, a olhar para o mar e ouvir o ruído das ondas a rebentar na areia. Anoiteceu.
Ela tremeu com o frio.
Ele embrulhou-a no casaco que levava e abraçou-a. “Está na hora de ir” – Disse ele – “Amanhã voltamos.” Com um último olhar de despedida, separaram-se.
No dia seguinte ela esperou. Ele não apareceu.
Já de noite chega um vulto a correr pelo areal.
É ele. Ofegante pára no lugar onde ela costumava estar.
Mas no seu lugar apenas restam o casaco que ele lhe tinha emprestado, o desenho que lhe tinha mostrado e os lápis na areia..."
Este texto foi escrito por uma amiga minha (Ana Gomes)
domingo, 15 de junho de 2008
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